Em época de festa junina a gente vê de tudo... e pensa de
tudo também!
Estava eu no trânsito louco da nossa
querida capital do Acre, parado em um semáforo, quando de repente levei um
susto pelo aproximar de uma moça à janela do carro, sob um sol de quase 40
graus, dizendo ela que fazia parte de uma quadrilha e estava arrecadando fundos
para ajudar na confecção dos figurinos para as festas juninas. Fiquei mais
aliviado depois da explicação, já que inicialmente tinha pensado tratar-se de
um assalto. Então ela me perguntou se eu podia contribuir, nem que fosse com 5
centavos. Foi aí que me assustei de novo! Era tão pouca a quantia que pensei
ter ouvido errado. Somos assaltados todos os dias nos semáforos,
estacionamentos e nas esquinas da tributação e recônditos da malfeita e
inescrupulosa política brasileira, que já adotei uma postura institucionalizada
e pensei que teria que dar um pouco mais. Então eu perguntei: “Cinco centavos?”
Ela, com um ar de decepção já estampado no rosto, como se previsse o que iria
receber mais uma vez como resposta, respondeu: “Sim, só cinco centavos!”
Procurei por uma moeda no carro, mas naquele momento, infelizmente, eu não
tinha nenhuma. “Não tenho. Desculpa e... obrigado!”, disse eu. O obrigado foi por não ter sofrido mais
uma extorsão diária; e o desculpa foi
porque entendi que o pedido dela era mais do que justo, e eu não pude ajudá-la.
Se o nosso Estado, que tanto tem, anda meio capenga e já não pode mais assumir
a responsabilidade de patrocinar a cultura regional e a custear a saúde, a
educação e a segurança do povo como deveria, imagina eu, que menos tenho e já
não posso assumir responsabilidades que não são minhas. Morreu ali, naquele
semáforo, mais um pouco de nossa cultura e nossa história. E nasceu também ali
em minha cabeça a ideia deste texto despretensioso. Como ela própria disse, “Sou da quadrilha e estou arrecadando
fundos para ajudar na confecção dos figurinos para as festas juninas”. A moça só
estava pedindo ajuda para a sua quadrilha, gente!... Resumindo: “Quem dera que
todas as Quadrilhas que andam pelo
nosso País afora fossem tão politicamente corretas, até nos valores monetários,
como a quadrilha da moça do semáforo!”
Infelizmente a verdade é outra; e essa aspiração nós estamos
longe de alcançar!
Wallace Rocha
2 comentários:
Pelo menos agora eu entendi tudo. Se fosse texto da Jokebed... kkkkkk
Não diga isso, meu caro Velásquez! A Jokebed é uma grande escritora. E grandes escritores precisam de grandes leitores, só isso! RS!
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