sábado, 2 de junho de 2012

quadrilhas e Quadrilhas


  Em época de festa junina a gente vê de tudo... e pensa de tudo também!
  Estava eu no trânsito louco da nossa querida capital do Acre, parado em um semáforo, quando de repente levei um susto pelo aproximar de uma moça à janela do carro, sob um sol de quase 40 graus, dizendo ela que fazia parte de uma quadrilha e estava arrecadando fundos para ajudar na confecção dos figurinos para as festas juninas. Fiquei mais aliviado depois da explicação, já que inicialmente tinha pensado tratar-se de um assalto. Então ela me perguntou se eu podia contribuir, nem que fosse com 5 centavos. Foi aí que me assustei de novo! Era tão pouca a quantia que pensei ter ouvido errado. Somos assaltados todos os dias nos semáforos, estacionamentos e nas esquinas da tributação e recônditos da malfeita e inescrupulosa política brasileira, que já adotei uma postura institucionalizada e pensei que teria que dar um pouco mais. Então eu perguntei: “Cinco centavos?” Ela, com um ar de decepção já estampado no rosto, como se previsse o que iria receber mais uma vez como resposta, respondeu: “Sim, só cinco centavos!” Procurei por uma moeda no carro, mas naquele momento, infelizmente, eu não tinha nenhuma. “Não tenho. Desculpa e... obrigado!”, disse eu. O obrigado foi por não ter sofrido mais uma extorsão diária; e o desculpa foi porque entendi que o pedido dela era mais do que justo, e eu não pude ajudá-la. Se o nosso Estado, que tanto tem, anda meio capenga e já não pode mais assumir a responsabilidade de patrocinar a cultura regional e a custear a saúde, a educação e a segurança do povo como deveria, imagina eu, que menos tenho e já não posso assumir responsabilidades que não são minhas. Morreu ali, naquele semáforo, mais um pouco de nossa cultura e nossa história. E nasceu também ali em minha cabeça a ideia deste texto despretensioso. Como ela própria disse, “Sou da quadrilha e estou arrecadando fundos para ajudar na confecção dos figurinos para as festas juninas”. A moça só estava pedindo ajuda para a sua quadrilha, gente!... Resumindo: “Quem dera que todas as Quadrilhas que andam pelo nosso País afora fossem tão politicamente corretas, até nos valores monetários, como a quadrilha da moça do semáforo!”
Infelizmente a verdade é outra; e essa aspiração nós estamos longe de alcançar!     



Wallace Rocha

2 comentários:

Tenente Velásquez disse...

Pelo menos agora eu entendi tudo. Se fosse texto da Jokebed... kkkkkk

Wallace Rocha disse...

Não diga isso, meu caro Velásquez! A Jokebed é uma grande escritora. E grandes escritores precisam de grandes leitores, só isso! RS!