segunda-feira, 11 de junho de 2012

Dos 16 aos 96 anos



Depois de uma semana estafante, todo mundo só quer sombra e água fresca... afinal de contas, ninguém é de ferro. E normalmente pra relaxar, nos fins de semana, a gente procura um barzinho ou restaurante, em companhia dos amigos, para beber (quem bebe), pra comer (quem come, não estando de regime), pra rir dos fatos e da vida (quem não tá de mal com ela) e pra falar da vida alheia, que isso todo mundo faz, e faz de boca e barriga cheias, porque, deixemos de hipocrisia, ninguém é santo. E foi numa dessas ocasiões que eu e alguns amigos (ainda bem que são meus amigos! RS!) nos reunimos pra botar o papo em dia.
Já no final da noite, eu já meio cansado de falar e sonolento e enfastiado de tanto ouvir, já quase meio bêbado de tanto beber suco, veio à baila à mesa o mesmo e sempre papo sobre sexo, este velho assunto de que os mais libertinos todos falam e dizem que fazem bem melhor do que na realidade fazem, e que os puritanos, embora mais recatados, também dão suas gemidas bem desavergonhadamente; assunto esse que ressuscita qualquer um dos mortos, que dirá do sono; e assim comecei a despertar para dedicar um pouco mais de atenção a esse pecado delicioso, causa de eu e todos os seres humanos e alguns não-humanos estarmos aqui.
E o papo caiu na terceira idade, menopausa, formas alternativas medicinais de ressurreição da virilidade do homem macho depois dos 70 etc; e eu, apesar de ainda estar beirando os quarenta, me interessei, até porque um dia vou chegar lá, Deus queira!, talvez nos 90. E foi justamente das façanhas de um senhor-menino de 96 anos, do município de Sena Madureira, interior do Estado, que se veio a falar e que, para o espanto de alguns, casara recentemente com uma garota de 16 anos e, para maior espanto ainda de outros, acabava de ser pai. Foi o que relatou a mulher de um amigo meu também à mesa.
 ̶  Como é que ele consegue, né? – perguntou ele.
Eu, ainda acordando do transe, disparei o disparate científico abaixo numa conversa informal:
  ̶  É porque o homem, diferentemente da mulher, que já vem com a quantidade de óvulos certa desde o nascimento, produz espermatozóides até a morte!
Todos olharam pra mim como se eu fosse um extraterrestre. O autor da pergunta só faltou lascar um “Porra, Wallace!”, mas disse:
 ̶  Não! – e elevando o antebraço em riste, como se simulasse uma ereção – Como é que ele consegue?... – e riu em seguida.
Eu, encabulado com a minha gafe, tive que pensar rápido:
 ̶  Também!... Com uma menina de 16 anos!...
Não pense o leitor que apanhei da minha mulher. Todos olharam pra mim de novo, mas agora eu não era mais o extraterrestre, mas o libertino comediante! E todos caíram num riso quase orgástico!
 ̶  É! – disse a mulher do meu amigo – Mas diz o pessoal que o velhinho só é assim porque come muita rapadura!
E eu, filosofando em sussurro:
 ̶  Rapadura envelhecida dezesseis anos!
E novo riso orgástico!
E a conversa continuou a passear dos 16 aos 96 anos. E eu, que antes em papos assim costuma ansiar “Ah! meus 16 anos!”, mudei de ideia e comecei a pensar “Quem dera pudesse eu chegar aos 96 anos!”, como aquele velinho, quer movido a Viagra ou a rapadura que fosse... ou pelo menos alcançar os 96... Isso certamente já seria uma vitória, e eu teria muito mais histórias pra contar!


Wallace Rocha



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