sexta-feira, 15 de junho de 2012

Hoje é dia de quê?!




1. A HISTÓRIA ACRIANA QUE NOS ENSINAM:

“Em 15 de Junho de 1962, o Presidente João Goulart sancionou a Lei nº 4.070, que elevou o Território do Acre à categoria de Estado, acendendo com tão nobre ato no coração dos acreanos a esperança do desenvolvimento.” (Pomposo, muito pomposo!)


2. ENTENDIMENTO DA MAIORIA DAS PESSOAS:

“Hoje é feriado e pronto!” (Dizem os mais desavisados e libertinos);

“Hoje é dia festa, alguma coisa do Estado!” (Declaram os mais contidos, mas também desavisados);

“Vamos comemorar o cinquentenário da elevação do Território do Acre à categoria de Estado.” (Esse sim, é porreta! Mas não disse tudo, porque não sabe por que nem como isso se deu);

“Nós estamos passando por um momento muito lindo!...” (Ah! Tá bom! Essa é ótima!).


3. ENTENDIMENTO DO ALTINO MACHADO (http://altino.blogspot.com.br/):

“O problema é que este meio século do Estado do Acre está marcado por incompetência, desmandos e corrupção.”
“Como sociedade, o que conseguimos mesmo foi transferir, de modo nada sutil, a matriz da empresa seringalista para a vida pública.”
“No esquema do Estado do Acre pretensamente moderninho estão barracões, casas aviadoras, coronéis de barranco, patrões seringalistas, estradas de seringa, jagunços, capatazes e seringueiros no cativeiro, presos por um sistema de endividamento.” (Essa sim!)


4. ENTENDIMENTO DO FRANCINEY (http://minhascolinas.blogspot.com.br/):

“Para alguns historiadores, a criação do novo Estado foi para a União, antes de tudo, o alívio de um fardo. Acontece que com a queda no preço da borracha amazônica, e entenda-se principalmente acreana, o Território que até poucas décadas fora o maior produtor de borracha e um dos responsáveis por gerar enormes riquezas ao País, vinha em balanço negativo. Mantê-lo agora, despojado da única riqueza explorada no momento, seria um prejuízo desnecessário. Melhor então deixá-lo entregue à sorte de um fundo orçamentário constitucional e observar de longe o desenrolar das politiquices acreanas.” (Essa sim! Manda ver, Franciney!)


5. MEU ENTENDIMENTO. AÍ VAI:

Só sei dizer o seguinte: por trás da História não sabida, sabida, entendida, construída ou qualquer coisa nesse sentido, o certo é que temos milhões de falsas inferências e referências, além de histórias verdadeiras que não viraram História. Hoje é preciso, mais do que nunca, escrever a real história das coisas. Altino e Franciney estão nesse caminho. E é assim mesmo que tem que ser. Pois do jeito que o nosso Estado anda, é bem provável que se registre inglórias como glórias, políticos corruptos como salvadores da pátria acriana e bandidos como heróis. Temos que abrir os olhos! Ou então vamos comemorar como idiotas a cada 15 de junho!



Wallace Rocha



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Dos 16 aos 96 anos



Depois de uma semana estafante, todo mundo só quer sombra e água fresca... afinal de contas, ninguém é de ferro. E normalmente pra relaxar, nos fins de semana, a gente procura um barzinho ou restaurante, em companhia dos amigos, para beber (quem bebe), pra comer (quem come, não estando de regime), pra rir dos fatos e da vida (quem não tá de mal com ela) e pra falar da vida alheia, que isso todo mundo faz, e faz de boca e barriga cheias, porque, deixemos de hipocrisia, ninguém é santo. E foi numa dessas ocasiões que eu e alguns amigos (ainda bem que são meus amigos! RS!) nos reunimos pra botar o papo em dia.
Já no final da noite, eu já meio cansado de falar e sonolento e enfastiado de tanto ouvir, já quase meio bêbado de tanto beber suco, veio à baila à mesa o mesmo e sempre papo sobre sexo, este velho assunto de que os mais libertinos todos falam e dizem que fazem bem melhor do que na realidade fazem, e que os puritanos, embora mais recatados, também dão suas gemidas bem desavergonhadamente; assunto esse que ressuscita qualquer um dos mortos, que dirá do sono; e assim comecei a despertar para dedicar um pouco mais de atenção a esse pecado delicioso, causa de eu e todos os seres humanos e alguns não-humanos estarmos aqui.
E o papo caiu na terceira idade, menopausa, formas alternativas medicinais de ressurreição da virilidade do homem macho depois dos 70 etc; e eu, apesar de ainda estar beirando os quarenta, me interessei, até porque um dia vou chegar lá, Deus queira!, talvez nos 90. E foi justamente das façanhas de um senhor-menino de 96 anos, do município de Sena Madureira, interior do Estado, que se veio a falar e que, para o espanto de alguns, casara recentemente com uma garota de 16 anos e, para maior espanto ainda de outros, acabava de ser pai. Foi o que relatou a mulher de um amigo meu também à mesa.
 ̶  Como é que ele consegue, né? – perguntou ele.
Eu, ainda acordando do transe, disparei o disparate científico abaixo numa conversa informal:
  ̶  É porque o homem, diferentemente da mulher, que já vem com a quantidade de óvulos certa desde o nascimento, produz espermatozóides até a morte!
Todos olharam pra mim como se eu fosse um extraterrestre. O autor da pergunta só faltou lascar um “Porra, Wallace!”, mas disse:
 ̶  Não! – e elevando o antebraço em riste, como se simulasse uma ereção – Como é que ele consegue?... – e riu em seguida.
Eu, encabulado com a minha gafe, tive que pensar rápido:
 ̶  Também!... Com uma menina de 16 anos!...
Não pense o leitor que apanhei da minha mulher. Todos olharam pra mim de novo, mas agora eu não era mais o extraterrestre, mas o libertino comediante! E todos caíram num riso quase orgástico!
 ̶  É! – disse a mulher do meu amigo – Mas diz o pessoal que o velhinho só é assim porque come muita rapadura!
E eu, filosofando em sussurro:
 ̶  Rapadura envelhecida dezesseis anos!
E novo riso orgástico!
E a conversa continuou a passear dos 16 aos 96 anos. E eu, que antes em papos assim costuma ansiar “Ah! meus 16 anos!”, mudei de ideia e comecei a pensar “Quem dera pudesse eu chegar aos 96 anos!”, como aquele velinho, quer movido a Viagra ou a rapadura que fosse... ou pelo menos alcançar os 96... Isso certamente já seria uma vitória, e eu teria muito mais histórias pra contar!


Wallace Rocha



sábado, 2 de junho de 2012

quadrilhas e Quadrilhas


  Em época de festa junina a gente vê de tudo... e pensa de tudo também!
  Estava eu no trânsito louco da nossa querida capital do Acre, parado em um semáforo, quando de repente levei um susto pelo aproximar de uma moça à janela do carro, sob um sol de quase 40 graus, dizendo ela que fazia parte de uma quadrilha e estava arrecadando fundos para ajudar na confecção dos figurinos para as festas juninas. Fiquei mais aliviado depois da explicação, já que inicialmente tinha pensado tratar-se de um assalto. Então ela me perguntou se eu podia contribuir, nem que fosse com 5 centavos. Foi aí que me assustei de novo! Era tão pouca a quantia que pensei ter ouvido errado. Somos assaltados todos os dias nos semáforos, estacionamentos e nas esquinas da tributação e recônditos da malfeita e inescrupulosa política brasileira, que já adotei uma postura institucionalizada e pensei que teria que dar um pouco mais. Então eu perguntei: “Cinco centavos?” Ela, com um ar de decepção já estampado no rosto, como se previsse o que iria receber mais uma vez como resposta, respondeu: “Sim, só cinco centavos!” Procurei por uma moeda no carro, mas naquele momento, infelizmente, eu não tinha nenhuma. “Não tenho. Desculpa e... obrigado!”, disse eu. O obrigado foi por não ter sofrido mais uma extorsão diária; e o desculpa foi porque entendi que o pedido dela era mais do que justo, e eu não pude ajudá-la. Se o nosso Estado, que tanto tem, anda meio capenga e já não pode mais assumir a responsabilidade de patrocinar a cultura regional e a custear a saúde, a educação e a segurança do povo como deveria, imagina eu, que menos tenho e já não posso assumir responsabilidades que não são minhas. Morreu ali, naquele semáforo, mais um pouco de nossa cultura e nossa história. E nasceu também ali em minha cabeça a ideia deste texto despretensioso. Como ela própria disse, “Sou da quadrilha e estou arrecadando fundos para ajudar na confecção dos figurinos para as festas juninas”. A moça só estava pedindo ajuda para a sua quadrilha, gente!... Resumindo: “Quem dera que todas as Quadrilhas que andam pelo nosso País afora fossem tão politicamente corretas, até nos valores monetários, como a quadrilha da moça do semáforo!”
Infelizmente a verdade é outra; e essa aspiração nós estamos longe de alcançar!     



Wallace Rocha