Antigamente
quando ouvia conversas de pessoas ou sobre pessoas com um pouco mais de idade e
de experiência, eu me perguntava se quando eu envelhecesse eu ia ficar assim tão
cheio de cerimônias como elas. Afinal, 60 ou 70 anos de idade impunha algum
respeito, pelo menos era o que os mais velhos me ensinavam, muito embora eu me
recusasse a aceitar que envelhecer fosse isso: ficar chato, ajuizar o
vocabulário, ponderar os gestos e ser discretos com os prazeres da vida,
incluindo o sexo, é claro, e todas as suas manifestações corporais e
linguísticas! Putz!, pensava, se for assim, quero morrer jovem, depois dos 25 e
antes dos trinta!
Ainda bem que
o tempo, os conceitos e os valores mudam, a sociedade vai se reajustando, e
tudo o que antes era, por assim dizer, enxerimento, hoje é moda e divertimento.
E eu não estranho quando vejo alguém com um pouco mais idade todo espevitado.
Aliás, me divirto. Penso: é assim que quero envelhecer. Isso, sim, é vida.
O que me causa
estranhamento é que hoje tenho amigos de 25 a 30 anos que são bem mais
puritanos que minha mãe de 70 anos e seu palavreado debochado. Mamãe costuma
dizer que os jovens têm muito a aprender com os mais velhos. E parece que este conselho
continua muito em voga, a julgar pela história que vivenciei este final de
semana, um papo mais do que descontraído entre um senhor de 66 e uma senhora de
61 anos.
Ele: Você bebe?
Ela: Não.
Ele: Você fuma?
Ela: Também não.
Ele: Então você não bebe nem fuma?
Ela: Faço amor. Adoooro!
Ora! Para quem
já passou dos sessenta, não dá pra perder tempo com cerimônias. A essa altura
da vida, a vida corre mais rápido, com muito mais intensidade.
Quero
envelhecer assim!
Envelhecer bem
é envelhecer vivo!
Wallace Rocha
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