Um político
está andando tranquilamente quando é atropelado e morre. Quando chegou do outro
lado, encontrou um ancião que lhe disse:
– Filho,
estava a sua espera. Seja bem-vindo ao Paraíso! Antes que você entre, porém, há
um probleminha: raramente vemos parlamentares por aqui, então não sabem bem o
que fazer com você. É certo que aqui você pode fazer uso do seu livre arbítrio.
Portanto, hoje vou mandá-lo ao inferno para que passe o dia lá. Amanhã o
mandarei para o Céu. Na volta você me dirá onde quer ficar.
– Ah! – disse o político – Claro que quero o céu!
– Não!...
para decidir, primeiro você tem que passar pelos dois...
O político,
então, desolado, bateu à porta do inferno. Que surpresa! Quem veio lhe atender
foi o capeta em pessoa, um senhor muito gentil, que o levou para uma sala
enorme, o acomodou numa poltrona de veludo e lhe disse para ficar à vontade que
voltaria logo.
Ali a
cerveja rolava, tinha muita comida e mulheres lindíssimas. A mais bela de todas
aproximou-se e, de modo carinhoso, disse-lhe:
– Venha,
fique aqui conosco, participe.
Ele não
podia acreditar naquilo... Caiu na farra e pensava: “lá na Terra tá todo mundo
deixando de “curtir” por medo de ir para o inferno! Não acredito nisso! Quer
saber de uma coisa? Vou ficar por aqui mesmo, o Céu deve de ser uma chatice,
com anjinhos tocando harpa etc e tal... uma monotonia só!”
Lá pelas
tantas o capetão apareceu e lhe disse:
– Bem,
acabou o seu tempo. Espero que o senhor faça uma boa escolha e fique com a
gente...
– Claro, disse
ele... Só não vou ficar de uma vez porque é contra o regulamento, mas não vou
demorar nadinha no Céu. Amanhã, antes da hora do almoço, estarei por aqui. – disse lançando olhares de promessa
para a moça que o recebeu.
À saída
do Inferno, lá estava o ancião.
– Filho, – disse-lhe ele – amanhã bem cedo você vai para o Céu
passar o dia lá.
No dia
seguinte lá se foi ele; e aconteceu como previra: o Céu realmente era uma
droga. Lá estavam os tais anjinhos anêmicos, tocando as suas monótonas harpas,
enquanto algumas senhoritas envoltas em mantos brancos cantavam melodias
celestiais. Ele não teve dúvidas: elogiou daqui, fez um agrado dali, deu uma
disfarçadinha e saiu fora. Ufa!, afinal se livrara mais fácil do que imaginara.
Não via a hora de ir para o inferno!
Quando
saiu, lá estava, à porta, outra vez, o ancião, que lhe disse:
– E aí,
filho, pensou bem? Cuidado para não escolher errado.
– Fique tranqüilo.
– disse – Nunca tive tanta certeza de algo. Quero ir para o inferno!
– Bem, só
me resta lhe desejar boa sorte.
Com as
faces em brasa e o coração aos pulos, ele bateu outra vez à porta do inferno.
Desta vez não foi o mesmo capeta, simpático, que veio atendê-lo, muito pelo
contrário, era um sujeito mal vestido e com cara de poucos amigos, que o mandou
sentar numa cadeira velha e aguardar.
Dali dava
para ver a sala onde estivera e, para a sua decepção, não havia mais nada do
que vira. No lugar das belas mulheres agora havia um balcão sujo e um monte de
gente na fila para receber um mísero pedaço de pão, enquanto a capetada mal
encarada dizia: “vamo andando, minha gente,
que inda tem muito trabaio!”
Resolveu
perguntar. Na primeira chance chamou um sujeito que passava e lhe disse:
– Psiu, por
favor, diga-me uma coisa. Eu estive aqui ontem e estava muito diferente do que
está agora. O que aconteceu?
– É fácil
de explicar. – disse-lhe o outro
– Até ontem estávamos em campanha eleitoral, agora já conseguimos o seu
voto!
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