domingo, 3 de agosto de 2014

LETRA E ALMA

Por Marcya Sussuarana Lira

Sou amante da escrita. Já alfabetizei muita gente. Minhas emoções (boas ou ruins) me impulsionam a escrever. E fica fácil saber quando algo ou alguém mexeu no meu "tanquinho emocional".
Encontrei uma pessoa esses dias, com a qual troquei muitas cartas. Essa pessoa me disse estar com saudades, mas percebi que a saudade ia além do contato visual (face a face). Era uma saudade caligráfica.
Com todo esse desenvolvimento digital, eu também fui transformada. Minha letra, inconfundível e cheia de personalidade, virou a formal e fria Arial.
O tempo e a velocidade do mundo levou com o vento muita coisa boa: a expectativa do correio, o exercício grafomotor, o perfume deixado no papel, a pessoa descrita por sua escrita...
Pela letra, é possível desvendar cantos escondidos da nossa personalidade, mas o mundo de máscaras parece mesmo ter conquistado mais aliados, o teclado, o e-mail, o Word...
Já ouvi dizer que em terra de WhatsApp ligação é prova de amor. Acho também. Às vezes me pego cedendo às facilidades e às autodefesas embutidas em mensagens virtuais. Você xinga, se declara, e se quiser ignorar e não quiser ser indelicado, basta dizer que não leu. Enfim, o mundo frio e sem contato. Me sinto só.
Mas hoje me desafiei e passo a reescrever a nova história da minha escrita. Fazendo uso do que é tecnologicamente necessário, sem abrir mão do calor e do carinho perfumado de uma carta desvelada.
Corra à caixa de correio. Pode ter algo lá, esperando por você.

 


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