2012! Em época de fim de mundo, tem
cada maluco pensando cada coisa!... E eu, como bom maluco, também vou pensando
as minhas e gostaria de expô-las ao mundo antes que ele se acabe. Isso se esse grande
evento chegar por essas bandas. De mais a mais, também quero morrer famoso, não
sei pra quem, seja por inteligência ou ignorância, mas famoso, embora
desconhecido, como quase tudo que ainda presta por aqui! RS!
Pensando absurdamente nisso, bem que
esse ano poderia ter um significado um pouco mais majestoso, mas o meu realismo
não deixa. Na melhor das hipóteses, vai acabar tudo e pronto! Mas se não
acabar? E se o Acre não estiver incluído no espetáculo? Todos os meus sonhos
serão defuntos!
Aliás, pelo que se tem visto no
noticiário, nem o horário certo do evento o povo sabe dizer: uns diziam que
seria às 9h11min. Outros, às 9h45min. Outros ainda, às 11h45min. Todos os
horários já se foram... e nada! Ô gente ruim de horário! Se fosse na
Inglaterra, não acontecia isso.
Mas ainda há os otimistas como eu:
até a meia-noite ainda tá valendo! RS!
Entretanto, por via das dúvidas,
estou embarcando hoje para sul do país, quero morrer em grande estilo, na
primeira fila, com duas horas de antecedência, graças ao fuso horário – bem que
poderiam ser três!... Mesmo assim, se ainda não der certo, “Vou-me embora pra
Pasárgada”, pelo menos, “lá sou amigo do rei”, posso ter o mundo que quero!
E pensando nessa viagem, me veio
outro pensamento trash: quem recorda
do filme The Langoliers (Fenda no Tempo, no Brasil), uma minissérie em
dois episódios de duas horas cada, produzida em 1995 para a televisão, baseado
no livro homônimo (1990) de Stephen King, mestre do suspense? Pois é... é bem
por aí. A quem não conhece, só posso dizer que não vou explicar agora, tenho
que acabar o texto, pode não dar tempo.
Mas voltando agora para a realidade,
de que adiantaria acabar ou não acabar o mundo, como se o que há de ruim nele
já não bastasse para tê-lo acabado quase todos os dias com alguns corações de
alguns seres humanos em algum lugar longínquo do próprio mundo, como o que aqui
estamos, por exemplo?
Se não fosse tão absurdo, poderíamos
até dizer que o acabar do mundo não deveria deixar saudade, pois é
bem provável que amanhã nós acordemos e tenhamos que continuar, como bem diria
Renato Russo, a celebrar o país e sua corja de assassinos, covardes,
estupradores e ladrões; celebrar a juventude sem escola, as crianças mortas;
celebrar nossa desunião, nossa tristeza, nossa vaidade; comemorar como idiotas
a cada fevereiro e feriado, todos os mortos nas estradas, os mortos por falta
de hospitais; celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação; celebrar os
preconceitos, o voto dos analfabetos; comemorar a água podre e todos os
impostos, queimadas, mentiras e sequestros; celebrar a fome; alimentar o que é
maldade, tudo o que é gratuito e feio, tudo o que é normal (ou imoral);
festejar a violência de toda a nossa falta de bom senso, nosso descaso por
educação. Celebrar, enfim, a nossa burrice coletiva sem explicação de achar
graça de tudo com toda a nossa estupidez (des)humana!...
E aí, ao nos descobrirmos mais
conscientes de nosso papel social no mundo, da realidade que nos cerca,
poderemos então pensar sem saudosismos ou esperanças de dias melhores: QUE
MERDA! O MUNDO NÃO ACABOU! Afinal, isso é Brasil. Vamos ter que continuar
vivendo com tudo isso!
Wallace Rocha