Apollo
13.
Direção de Ron Howard. Produção de Brian Grazer. Universal, 1995. DVD.
RESENHA
Manoel Jorge da Silva Sousa
Kleison José
Oliveira de Albuquerque
Francisco Wallace da Rocha Neto
O presente estudo tem
como objetivo a análise do filme “Apollo
13” (1995), dirigido por Ron Howard, produzido por Brian
Grazer, e distribuído pela Universal Studios.
O filme trata da história
de uma das tragédias mais desestabilizadoras da história da Agência Espacial
Americana (NASA), baseada no livro Lost
Moon: The Perilous Voyage of Apollo 13, do piloto Jim Lovell, e é considerado.
Em 11 de abril de 1970, passado
somente um ano dos primeiros passos na superfície lunar, a NASA
envia ao satélite um novo grupo de astronautas na missão Apollo 13. Jim
Lovell (Tom Hanks), Fred Haise (Bill Paxton) e Jack Swigert (Kevin Bacon) foram
enviados em uma missão de reconhecimento e aparentemente de rotina, missão esta que
seria a terceira a pousar na superfície lunar.
Porém, já no espaço, um tanque de
oxigênio explode. Com o acidente, os astronautas Jim Lovell, Jack Swigert e
Fred Haise não conseguem seguir para Lua e ainda correm o risco de ficar sem
oxigênio e energia suficientes para voltar à Terra. A
partir deste ponto a narrativa descreve as soluções encontradas pela Agência
Espacial Americana (NASA) para trazer os tripulantes da nave de volta à Terra. Agora a
equipe a bordo e a equipe da Agência Espacial, em terra, começam a correr
contra o tempo e improvisar novo plano para resgatar a equipe.
Ainda hoje o filme é
considerado um dos cinco melhores na história de conquista do espaço e outros
temas, por retratar questões que transcendem a vida profissional e a vida
pessoal, ajudando até mesmo nas rotinas do quotidiano, motivo pelo qual
propomos esta análise.
Quanto à metodologia utilizada,
os principais trechos que envolvem tensões e conflitos no longa-metragem foram
selecionados e sobre essas cenas foram aplicadas as teorias do sobre
planejamento estratégico, planejamento corporativo e processo decisório,
observando o ambiente, as situações, os agentes envolvidos, os objetivos, as estratégias
adotadas, o modelo decisório e o resultado obtido.
Segundo Igor Ansoff (1990) (apud ALDAY, 2000), somente um número reduzido de empresas utiliza o
verdadeiro Planejamento Estratégico. A maioria das organizações continua
empregando as antiquadas técnicas do Planejamento a Longo Prazo, que se baseiam
em extrapolação das situações passadas.
No filme em análise, nos parece que a Agência
Espacial Americana não adotava um planejamento estratégico, mas sim o
planejamento a longo prazo, e isto é perceptível ao vermos no filme quando
foram surpreendidos por um problema técnico, e, para resolvê-lo, foi necessário
improvisar a solução de forma emergencial.
A estratégia de enfrentamento do problema foi
desenvolvida e posta em prática conforme o problema evoluía, e todo o improviso
evidencia que a agencia não estava preparada para a emergência. Todos os
procedimentos foram tomados com base nas missões anteriores, e um problema que
não havia ocorrido antes e para o qual não estavam preparados inviabilizou a
missão. O diferencial neste caso foi a equipe técnica, que com poucos recursos
a bordo do módulo espacial, em consonância com a equipe em terra, conseguiram,
através de liderança forte, trabalho de equipe e conhecimento técnico, salvar a
vida dos três astronautas.
Maxwell (2007) utiliza o exemplo da Apollo 13 para falar do trabalho em
equipe. Diz que a NASA possuía três equipes de trabalho para acompanhar o vôo
alternadamente, cada qual em seu turno, mas, devido a situação emergencial, as
três se juntaram para pensar soluções conjuntas sobre a liderança de Gene
Kranz.
No
que concerne ao processo decisório, Hebert Simon (1991) (apud BALESTRIN, 2001), em seus estudos sobre tomada decisão, afirmou
que “as pessoas devem considerar que os tomadores de decisão possuem
habilidades limitadas para avaliar todas as possíveis alternativas de uma
decisão, bem como lidar com as consequências incertas da decisão tomada...”. (SIMON,
1999, p. 94).
Este
processo é claramente observado no filme, na atitude do chefe da missão. Como
técnico, não conhecia a fundo todas as áreas envolvidas na missão espacial, e resolveu
reunir o máximo de especialistas possível, inclusive recrutando o astronauta
que ficou de fora da missão, por suspeita de rubéola, bem como todos os
funcionários envolvidos com a missão, mesmo os de folga. Com base nas informações
repassadas pelos especialistas, foi tomando as decisões que entendia mais
apropriadas.
O
retorno dos astronautas em segurança mostra que a estratégia de tomada de
decisão foi a correta, pois mesmo diante do fracasso da chegada à Lua, o
retorno dos tripulantes em segurança acabou representando uma vitória
institucional e pessoal, na medida em que envolveu emocionalmente todos os
técnicos que participaram do processo.
É
óbvio que não se atinge os objetivos almejados sem preparação, estabelecimento
de metas e treinamento, sem mencionar todo o acompanhamento do processo por uma
equipe técnica especializada, revendo procedimentos, verificando falhas,
fazendo os ajustes necessários, e cercando-se de cuidados com imprevistos. Mas
mesmo dispondo
dos recursos e meios necessários, nem sempre é possível prever eventuais
problemas, quando isso não faz parte da cultura da empresa ou da corporação.
É notado no filme com
bastante clareza todo um planejamento na preparação para o embarque nos
momentos de trabalho dos astronautas nos dias que antecedem a partida, o que é
essencial para se fazer um trabalho bem feito. Porém, também se percebe que
deveria ter havido uma alternativa para o caso de o planejamento original não
ocorrer como o esperado, provocando assim um imprevisto, o que de fato
aconteceu.
A exemplo desse tipo de falha, ressaltamos
um último ponto a ser considerado no que se refere questão da cultura
organizacional da NASA. Para Mittelstaedt (2005), a Agência Espacial Americana
não tinha uma cultura preventiva. Em sua opinião, “foi claramente uma sequência
de erros provocada por uma cultura que queria provar que ‘tudo é trivial’,
‘todos os sistemas são exitosos’ e que ‘é tão seguro quanto entrar num avião’”
(2005:139).
A missão
da Apollo 13 já começara com
imprevistos, e novos imprevistos surgiram no decorrer do encargo. Isso já
demandava de toda a equipe envolvida na missão concentração e foco na resolução
qualquer eventual problema. Ainda assim, isso foi desconsiderado.
Instalado
o problema, Gene Kranz, diretor do voo, vendo que não conseguiria cumprir a
missão, pois estava acabada, optou pela decisão inevitável de conservar a vida
dos astronautas e trazê-los de volta á terra numa nave avariada.
Há que se
considerar, porém, que tal decisão, em meio à situação de crise posta, era bastante
perigosa. E em situações de periculosidade extremada, sempre há espaço para uma
reflexão. Por mais emergentes que sejam, as ações requerem
análise, estratégias e cooperação recíproca. Daí a decisão de ouvir opiniões,
consultar os colaboradores, verificar e analisar alternativas e ter o bom senso
de optar pelo que era menos arriscado.
Se
objetivo inicial da Apollo 13 não fora alcançado, a experiência tirada a partir
do feito realizado foi tão grande que faz que este tenha os seus méritos
reconhecidos, pois permitiu pensar no que de fato era mais importante. No caso
em questão, significou a manutenção da vida dos astronautas da missão Apollo
13.
A liderança
focada em um objetivo de união, em ações sincronizadas de todos por um único
bem comum, acabou por transformar um desastre em triunfo.
Fontes Consultadas
ALDAY, H. E.
C. O Planejamento Estratégico dentro do Conceito de Administração Estratégica.
2000. Disponível em <http://www.paulorodrigues.pro.br/arquivos/aula_01_adm_ii_orientada.pdf> (Acesso em 02/09/2014).
BALESTRIN, A. Uma análise da
contribuição de Herbert Simon às Teorias Organizacionais. 2001. Disponível em <http://www.read.ea.ufrgs.br/read28/artigos/ARTIGO02.PDF> (Acesso em 02/09/2014).
MAXWELL,
John C. As 17 incontestáveis leis do trabalho em equipe. Rio de
Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007.
MITTELSTAEDT,
Robert E. Seu próximo erro pode ser fatal? – Os equívocos que podem
destruir uma organização. São Paulo: Bookman, 2005.
SHIMIZU,
Heitor. Apolo 13 vira filme: Houston, temos um problema aqui. In:
Revista Super Interessante. Agosto de 1995 (Ed.095). Disponível em:
<http://super.abril.com.br/cultura/apolo-13-vira-filme-houston-temos-problema-aqui-441116.shtml>
(Acesso: 26/08/14).
http://www.ideiasustentavel.com.br/2007/09/cinema-social-licoes-de-lideranca-em-oceano-de-incertezas/ (Acesso:
26.08.2014).
http://temasdeadm.blogspot.com.br/2012/03/apollo-13-e-o-processo-decisorio.html
(Acesso: 26.08.2014).