Todo filho tem uma mãe que o bajule, o
admire, o endeuse... afinal um filho é..., por falta de palavra mais adequada,
é tudo para uma mãe. Ora!, comigo não seria diferente (convencido, eu!). Nesse
caso específico, porém, quero registrar que esses sentimentos também fazem o
caminho inverso, pois sou eu (descobri isso na maturidade) quem a admira e a
endeusa, isso por seu jeito debochado e irreverente dos seus 70 anos e que não
guarda mais reserva alguma ao falar, despachando algumas tiradas que, se não
escandalizam, à moda da saudosa Dercy, fazem doer a barriga de tanto rir. Vejam
bem essa história.
Minha irmã, para quem, como se diz, não
há tempo ruim, já teve várias ocupações. Atualmente trabalha com a arte da
estética, especialmente no trato com couros cabeludos... de todas as espécies! Como
ainda não dispõe de lugar apropriado para os afazeres da sua nova ocupação, costuma
atender nos domicílios das clientes e, quando o trabalho é um pouco mais
delicado e reservado e lhe falta tempo para deslocamento, costuma atender em
casa, no seu próprio quarto, cuidando da depilação de couros cabeludos mais
delicados, em regiões mais pudendas de algumas senhoras e moçoilas vaidosas.
Pois bem. Outro dia estava minha irmã no
quarto de casa a fazer uma caridade, depilando uma amiga naquela região e
adjacências cobiçadíssimas pelos homens machos do sexo masculino, quando na
primeira puxada da cera a menina disparou um grito quase agonizante.
Da sala, minha mãezinha, muito mais
curiosa do que assustada, perguntou:
— Que arrumação é
essa aí dentro?
Ao que minha irmã respondeu:
— É
que eu tô fazendo o contorno da fulana, mãe!
— E o que diabo é contorno,
menina?
— É
que eu tô depilando o “frasco” dela, mãe... – e enfatizou – o “frasco”!
Minha mãe, passada de curiosidade, mas inocente, tornou a
perguntar:
— E o que diabo é frasco?
Minha irmã, incomodada com a
insistência das perguntas, descreveu logo a sua arte com as poucas letras que
podia:
— É o cu, mãe! O cu!
Ao que disparou a minha mãe, sem cerimônia alguma com as palavras:
— Vôte! Bela profissão essa que tu arrumou agora de descabelar o
cu dos outros!
Depois dessa, ninguém se segurou! RS! E a profissão da minha irmã?...
Ora!, virou sucesso! Pois pelo pouco que eu sei da humanidade – ainda que uns
nasçam sem cérebro, e outros, havendo-o, insistam em não usá-lo – certo é que todos
nascem com cabeça e com cu... e com cabelo nesses dois lugares. Então emprego
pra ela e dinheiro no bolso é que não vão faltar.
E eu vou dizer mais o quê? Repreender a minha mãe de 70 anos pelo
seu palavreado? Jamais! Vivas a ela! E que continue nos divertindo ainda por
muitos anos.
Wallace Rocha