sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Minha mãe é impagável




Todo filho tem uma mãe que o bajule, o admire, o endeuse... afinal um filho é..., por falta de palavra mais adequada, é tudo para uma mãe. Ora!, comigo não seria diferente (convencido, eu!). Nesse caso específico, porém, quero registrar que esses sentimentos também fazem o caminho inverso, pois sou eu (descobri isso na maturidade) quem a admira e a endeusa, isso por seu jeito debochado e irreverente dos seus 70 anos e que não guarda mais reserva alguma ao falar, despachando algumas tiradas que, se não escandalizam, à moda da saudosa Dercy, fazem doer a barriga de tanto rir. Vejam bem essa história.
Minha irmã, para quem, como se diz, não há tempo ruim, já teve várias ocupações. Atualmente trabalha com a arte da estética, especialmente no trato com couros cabeludos... de todas as espécies! Como ainda não dispõe de lugar apropriado para os afazeres da sua nova ocupação, costuma atender nos domicílios das clientes e, quando o trabalho é um pouco mais delicado e reservado e lhe falta tempo para deslocamento, costuma atender em casa, no seu próprio quarto, cuidando da depilação de couros cabeludos mais delicados, em regiões mais pudendas de algumas senhoras e moçoilas vaidosas.
Pois bem. Outro dia estava minha irmã no quarto de casa a fazer uma caridade, depilando uma amiga naquela região e adjacências cobiçadíssimas pelos homens machos do sexo masculino, quando na primeira puxada da cera a menina disparou um grito quase agonizante.
Da sala, minha mãezinha, muito mais curiosa do que assustada, perguntou:
— Que arrumação é essa aí dentro?
Ao que minha irmã respondeu:
É que eu tô fazendo o contorno da fulana, mãe!
— E o que diabo é contorno, menina?
É que eu tô depilando o “frasco” dela, mãe... – e enfatizou – o “frasco”!
Minha mãe, passada de curiosidade, mas inocente, tornou a perguntar:
— E o que diabo é frasco?
Minha irmã, incomodada com a insistência das perguntas, descreveu logo a sua arte com as poucas letras que podia:
É o cu, mãe! O cu!
Ao que disparou a minha mãe, sem cerimônia alguma com as palavras:
— Vôte! Bela profissão essa que tu arrumou agora de descabelar o cu dos outros!
Depois dessa, ninguém se segurou! RS! E a profissão da minha irmã?... Ora!, virou sucesso! Pois pelo pouco que eu sei da humanidade – ainda que uns nasçam sem cérebro, e outros, havendo-o, insistam em não usá-lo – certo é que todos nascem com cabeça e com cu... e com cabelo nesses dois lugares. Então emprego pra ela e dinheiro no bolso é que não vão faltar.
E eu vou dizer mais o quê? Repreender a minha mãe de 70 anos pelo seu palavreado? Jamais! Vivas a ela! E que continue nos divertindo ainda por muitos anos.
Wallace Rocha